segunda-feira, 21 de junho de 2010

PROCESSO DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NO SETOR AGROINDUSTRIAL

Para Sáenz e Garcia Capote (2002), “a inovação é uma combinação de necessidades sociais e de demandas do mercado com os meios científicos e tecnológicos para resolvê-las [...]”, sendo assim, para se manter competitivo é importante haver a disponibilidade de equipamentos que satisfaçam à eficácia na produção.

Uma cadeia de produção agroindustrial pode ser segmentada, de acordo com Batalha e Silva (2001), de jusante e montante, em três macrossegmentos: comercialização, industrialização e produção de matérias-primas. A lógica de encadeamento das operações, de jusante a montante, como forma de definir a estrutura de uma cadeia de produção agroindustrial, assume que as condicionantes impostas pelo consumidor final são os principais indutores de mudanças de todo o sistema. Nesse sentido, transformações no comportamento do consumidor influenciam de modo relevante as inovações em curso nas cadeias agroindustriais e, principalmente, no modo como os diferentes elos produtivos estarão articulados para conseguirem responder de maneira eficiente às exigências do consumidor final.

Tradicionalmente, o setor agroindustrial é considerado um setor oligopolizado de baixo nível de investimento em P&D, dependente de avanços tecnológicos incrementais, cuja principal estratégia competitiva é baseada na fidelização do consumidor à marca e diminuição de custos (Christensen; Rama e Von Tunzelmann, 1996; Galizzi; Venturini, 1996).

O setor agroindustrial apresenta aspectos paradoxais: se de um lado é setor intensivo em propaganda e baixo investimento em P&D, por outro lado, é perceptível um crescente fluxo de lançamentos de novos produtos (Galizzi e Venturini, 1996) de alto valor agregado, voltados a atender mercados exigentes e setores específicos (Grunert et al., 1997), o que propiciou a emergência das grandes empresas enfocadas em estratégias de diferenciação.

As cadeias agroindustriais são locais importantes para a realização de inovações tecnológicas de produtos e processos, o maior problema continua a ser a baixa qualidade da educação. Poucos jovens chegam à universidade, e os que chegam nem sempre tem a formação adequada.

O desenvolvimento requer políticas de Estado, de longo prazo, em educação e inovação, e uma estratégica de fortalecimento da capacidade produtiva. O Brasil quer se integrar cada vez ao mundo. Mas, para isso precisa de empresas capazes de competir globalmente (CNI, 2009).

As empresas e organizações têm de ter a devida abertura a parceiros, fornecedores, clientes e toda a gama de instituições e pessoas que possam colaborar para os processos de inovação.

Se a tecnologia já foi uma caixa-preta que teve de ser aberta em termos analíticos (tecnologia é, sobretudo, uma forma de conhecimento), a inovação vêm merecendo novas aberturas por meio de conceitos como o de open innovation. A inovação tecnológica vem sendo reconhecida como uma atividade que depende de forma crescente de outros tipos de inovações, talvez até mais do que as inovações de produto. Nesse contexto, o conhecimento que vem da universidade pode se mostrar cada vez mais fortalecido. Empresas e organizações que despertaram (e estão despertando) para a necessidade de abertura de seus horizontes, práticas e estratégias, certamente têm de enxergar as universidades como fonte de conhecimento fundamental para as inovações que tanto procuram (Lemos,2007).

O cenário é desafiador, mas o jogo é esse. E esse é o campo em que poderemos prevalecer se tivermos a coragem de ousar (CNI, 2009)

REFERÊNCIAS

BATALHA, M. O.; SILVA, A. L. Gerenciamento de sistemas agroindustriais: definições e correntes metodológicas. In: BATALHA, M. O. (Coord.). Gestão agroindustrial. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001. v. 1, p. 23-63.

Confederação Nacional da Indústria (CNI). Inovação: a construção do futuro. Brasília, 2009.

GALIZZI, G.; VENTURINI, L. Product innovation in the food industry: nature, characteristics and determinants. In: GALIZZI, G.; VENTURINI, L. (Ed.) Economics of innovation: the case of food industry. Heidelberg: Physica Verlag, 1996, p.133-145.

GRUNERT, K. G. et al. A framework for analysing innovation in the food sector. In: TRAIL, B.; GRUNERT, K. G. Product and process innovation in the food industry. Suffolk: Chapman & Hall, 1997.

LEMOS,Paulo. Paulo. Colaborador da Agência de Inovação Inova Unicamp em projetos tecnológicos de inovação e empreendedorismo e de avaliação do potencial inovador de tecnologias. Também é professor de “Introdução à Inovação e Empreendedorismo Tecnológicos”, da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC-Unicamp).

PAULILLO, L. F.; MELLO, F. O. T.; VIAN, C. E. F. Análise da competitividade das cadeias de agroenergia no Brasil. In: BUAINAIN, A. M.; BATALHA, M. O. (Coord.). Análise da competitividade das cadeias agroindustriais brasileiras. São Carlos: DEP-UFSCAR/IE-UNICAMP, fev. 2006. 119 p. (Projeto MAPA/IICA)

RAMA, R.;VON TUNZELMANN, N. A patent analysis of global food and beverage firms: the persistence of innovation. Agribusiness. v. 18, n. 3, p. 349-368, New York 2002.

SAÉNZ, T. W.; GARCÍA CAPOTE, E. Ciência, inovação e gestão tecnológica. Brasília: CNI/IEL/SENAI/ABIPTI, 2002.

4 comentários:

  1. O sistema adicionou as referências duas vezes. (Autora: Tatiane Rodrigues - Diretora de Marketing)

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  2. Tatiane, gostei do artigo, a inovação é mesma complexa para o setor agroindustrial mas é muito importante também, como você mostrou.
    (Kassia Kiss)

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  3. Muito bom, a inovação é necessaria para as empresas se manterem no mercado de forma competitiva.
    (Karla Cristina)

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  4. Tenho uma certa experiência em implantação de micro e pequenas industrias. Achei muito interessante o artigo e gostaria de deixar uma dica para outras pessoas que venham a ler este artigo: "Não batam de frente com as grandes cias". Ou seja, como pequeno industrial procure segmentos pouco explorados do mercado. Opte por atender a demanda Gourmet onde sua pequena produção será um diferencial e não um fardo.

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